Pesquisa Itaú Unibanco-Cebrap mostra mudanças na mobilidade urbana do Rio de Janeiro (RJ) durante a pandemia

A pandemia de covid-19 ocasionou diversas mudanças no cotidiano das pessoas que vivem nas cidades. Boa parte da população mudou seus hábitos de sair de casa e frequentar espaços abertos ou fechados e a situação de trabalho de muitos foi impactada pela crise econômica e pelos novos acordos de trabalho remoto. Entrevistando as pessoas sobre seus hábitos de antes e durante a pandemia e sobre suas expectativas em relação à mobilidade para depois da pandemia, esta pesquisa traz resultados importantes para pensar o planejamento da mobilidade com o advento da pandemia.

A pesquisa foi realizada entre os dias 8 de fevereiro e 10 de março de 2021, o que impacta nos resultados observados, dado que a pandemia é dinâmica e neste período ela passava por um de seus momentos de pico. Levando isso em conta, a pesquisa mostra que quase metade dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro passou a sair de casa até 3 vezes na semana, principalmente pelo motivo de trabalho, que impactou diretamente na dinâmica de mobilidade da cidade. Entre as pessoas que trabalhavam fora de casa antes da pandemia, a situação mais comum (33%) foi continuar indo ao local de trabalho diariamente, o home-office foi realidade para 25%, 21% continuaram indo ao local de trabalho esporadicamente e 16% ficaram desempregados.

Os transportes coletivos foram os únicos que perderam menção de uso em relação a antes da pandemia. O uso do ônibus, mesmo que esporádico, caiu 22 pontos percentuais e do metrô e do trem caiu 22 pp. Essa redução foi maior entre os mais ricos, que costumam ter mais opções de transporte acessíveis e de trabalho remoto. O principal critério para a escolha dos meios de transporte passou de “tempo de viagem” – antes da pandemia – para “evitar aglomerações por conta de doenças contagiosas” – durante a pandemia, no momento da pesquisa. Para depois da pandemia, os habitantes acreditam que o tempo de viagem voltará a ser o critério mais importante.

Este critério explica por que as pessoas saíram dos transportes coletivos, visto que o automóvel teve a maior nota para segurança em relação à contaminação (8,2), seguido de a pé (7,1) e bicicleta (6,8). Ao pensar em trocar o transporte público por conta da pandemia, automóvel particular, taxi/app e bicicleta aparecem como principais alternativas aos cariocas.

A grande maioria (78%) da população da cidade concorda que o poder público deve investir mais em um sistema de transporte que priorize deslocamentos de bicicleta e a pé após a pandemia e maior parte é favorável ou muito favorável (90%) à implementação de novas ciclovias e ciclofaixas na cidade. Além do apoio às políticas, a intenção de uso da bicicleta para depois da pandemia também é bastante significativa, já que a pé (36%), bicicleta (26%) e automóvel particular ou moto (20%) são os modos de transporte com mais intenção de aumentar o uso depois da pandemia em relação ao que era antes da pandemia. O grupo dos que têm mais vontade de usar a bicicleta como meio de transporte depois da pandemia tem 6 vezes mais chances de ser favorável à implementação de novas ciclovias. E a faixa etária mais comum neste grupo é a dos 46 aos 59 anos.

“Além da recomendação do uso por ser um modal que promove o distanciamento social nos deslocamentos durante a pandemia, os benefícios da bike são muitos”, explica Luciana Nicola, superintendente de Relações Institucionais, Sustentabilidade e Empreendedorismo do Itaú Unibanco. “É uma opção de transporte que colabora com a redução de emissões de carbono, uma alternativa mais acessível em comparação aos carros e, além disso, reduz comprovadamente o gasto de saúde pública, uma vez que as pessoas que adotam a bike no dia a dia previnem o desenvolvimento grave de doenças cardiovasculares, diabetes, entre outras”, conclui.

Nesse sentido, é interessante observar que o Bike Rio pode ser um instrumento importante para a promoção da bicicleta, visto que 78% conhece o sistema. O conhecimento e uso do Bike Rio é maior entre as classes B e C.

A pesquisa mostra, portanto, um grande apoio às políticas em favor dos modos ativos de mobilidade, como bicicleta e a pé, e uma intenção de uso tanto dos modos motorizados quanto dos modos ativos para depois da pandemia. O transporte público esteve em baixa e as alternativas encontradas pelos cariocas que puderam escolher também ficaram entre os modos ativos e motorizados individuais. Neste cenário, é importante que o poder público promova políticas que impeçam um retorno aos modos motorizados individuais e incentive a mobilidade ativa para evitar retrocessos em relação à mobilidade e ao meio ambiente.

Assista à live no dia 11/11, às 10h, nas redes sociais do Cebrap (FacebookLinkedIn e YouTube).

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