Foi pequena a proporção de formadores de opinião que apoiou publicamente a política externa do governo de Dilma Rousseff no primeiro quadrimestre de 2016. O percentual dos que o fizeram variou segundo os diferentes veículos.
Confira abaixo a posição frente à política externa de articulistas e editorialistas de diferentes jornais:
No primeiro quadrimestre de 2016, o jornal O Globo manteve seu tom de oposição sobre a atual política externa. Dos 22 artigos encontrados, 12 foram contrários e apenas quatro a favor. O grande assunto foi o protagonismo presidencial e, em menor destaque, temas relacionados à política externa comercial e relações bilaterais. As críticas se concentraram majoritariamente na diplomacia presidencial no contexto da repercussão do impeachment ao exterior. Segundo os autores de artigos e editoriais, o governo estaria transformando uma discussão interna em tema de agenda diplomática ao argumentar a ilegitimidade do processo de impeachment. Criticou-se também o apoio dado à Dilma Rousseff pelos governos bolivarianos e por organismos internacionais, como a OEA e CEPAL. Deste modo, a imagem e a credibilidade do Brasil seriam ainda mais prejudicadas juntamente com sua importância na política global. Em menor número de artigos publicados, criticou-se a política externa comercial, com a diplomacia brasileira paralisada pelo viés ideológico que a autolimitaria ao MERCOSUL. Outras críticas disseram respeito ao baixo perfil das relações com Israel, à dependência econômica com a China e às relações com Angola, um país de governo ditatorial. O Itamaraty, que muito foi criticado por se omitir sobre a crise venezuelana, recebeu elogios ao emitir nota condenando a arbitrariedade do judiciário da Venezuela. O jornal e seus colaboradores foram favoráveis à Lei Antiterrorismo, vista como necessária para a segurança dos Jogos Olímpicos. Também, deram apoio à ação do Brasil nas negociações climáticas. Com a crise política, assuntos exteriores perderam relevância na imprensa, sendo retomados, sobretudo, quando a presidente fez uso da diplomacia presidencial. Apesar do superávit das contas externas, os articulistas apoiam maior abertura econômica para integração do país nas cadeias globais e clamam por mais acordos comerciais bilaterais, principalmente com as potências EUA e União Europeia.
No 1º quadrimestre de 2016, o jornal Valor Econômico publicou com apenas 2 artigos sobre política externa, mas especificadamente sobre política comercial. Ambos expressam opinião neutra, mas enfatizam a necessidade de reformas. Além disso, convergem na defesa de negociações plurilaterais norte-sul, principalmente com EUA e União Europeia, bem como a um maior protagonismo do país através dessas negociações. Um dos temas importantes são as estratégias que o Brasil deve adotar após as negociações da OMC em Doha, sinalizando para negociações bilaterais e plurilaterais e novos modelos regulatórios. Outro artigo inclui o potencial das negociações plurilaterais no âmbito do MERCOSUL com a União Europeia diante de um cenário de reformas econômicas na Argentina e de crise na economia brasileira. Desta forma, o Valor Econômico propõe uma nova política comercial para o Brasil, pautada no fortalecimento das relações norte-sul, do universalismo nas negociações e no protagonismo internacional do país.
Resumo dos assuntos tratados nos artigos
Os artigos, editoriais e entrevistas de especialistas, embora muito críticos com relação à condução política exterior, parecem concordar o que tem sido suas grandes linhas de atuação. A abertura para o exterior, que chamamos de globalismo; a busca da diversificação das relações com países situados em diversas partes do mundo, que denominamos universalismo; a opção pelo multilateralismo'a presença ativa na região por meio do MERCOSUL e da UNASUL; e relações mais próximas com os Estados Unidos são opções de longo curso da política externa, que contam com apoio significativo entre os principais órgãos de imprensa e seus colaboradores