Pensar e repensar o Brasil

Criado em plena ditadura, o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, o Cebrap, há 40 anos estuda os problemas do País. Agora tem livro e filme sobre sua história.

Aos 40 anos, uma instituição pode ser considerada velha ou apenas uma senhora que passou por experiências incomuns e começa a dar sinais de cansaço? Qualquer que seja a resposta, ela é madura o suficiente para virar outra página nessa história que começou na ditadura e foi escrita por ex-presidentes da República, governadores, filósofos, cientistas sociais, demógrafos e críticos de arte. É o que pretende provar o livro Retrato de Grupo (Cosac Naify), que será lançado na terça-feira, às 19h, no Sesc Vila Mariana, com a exibição do documentário homônimo dirigido por Henri Gervaiseau. Tanto o livro como o DVD trazem entrevistas inéditas com os intelectuais que fundaram o Cebrap – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, criado em 3 de maio de 1969 num antigo sobrado da Rua Bahia, em Higienópolis.

Endereço frequentado pelas melhores cabeças que circulam ou circularam pelo País, o Cebrap foi criado por exilados que retornavam ao País como resposta ao Ato Institucional 5, o AI-5, de 1968, que deu ao presidente Costa e Silva o poder de decretar a intervenção federal nos Estados e municípios, cassar mandatos, suspender direitos políticos e, escândalo, fechar o Congresso Nacional. Entre esses exilados, o mais famoso foi certamente o fundador do Cebrap, o sociólogo e ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, primeiro dos entrevistados de Retrato de Grupo, convidados pelos organizadores do volume, Paula Montero, presidente do Cebrap, e Flávio Moura, editor da revista Novos Estudos Cebrap, a fazer um balanço dos 40 anos de história da instituição.

Como, inevitável, há ausências no livro, o Estado convidou o professor do Departamento de Ciência Política da USP, José Álvaro Moisés, para registrar suas impressões na página 5, que traz um resumo das principais opiniões sobre o Cebrap, nascido como um centro de estudos sobre problemas brasileiros sem vínculo com a universidade, mas dependente da boa vontade de uma organização norte-americana. Foi justamente o dinheiro recebido da Fundação Ford a primeira causa dos muitos rachas registrados nessas suas quatro décadas de existência. Ideologicamente desalinhados, alguns de seus integrantes já começaram a brigar nesse momento germinal, por não aceitar dinheiro do “imperialismo”. O que aconteceu depois Fernando Henrique Cardoso e os outros entrevistados contam nesta edição.

FONTE Democracia Política e o novo Reformismo

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