É mais que sabido que moral e estética se entrelaçam. Não é pois estranho que tenha interrompido minhas investigações sobre a moral, que devem resultar no livro: “Intimidade e moralidade pública”, para redigir “O jogo do belo e do feio”. O livro está no prelo, devendo ser publicado em abril de 2005, pela Companhia das Letras.
No fundo estou procurando entender como a procura pela racionalidade instaura uma zona de sentidos ambíguos, mais essencial para o funcionamento dos sistemas de conhecimento, de um lado, e da própria linguagem cotidiana, de outro. Mas no caso da arte essa zona se abre para inventar novos mundos, os mundos das obras de arte; assim como se fecha para ajustar os comportamentos cotidianos de modo que venham a ser legitimados intersubjetivamente. Convém notar que, nesse contexto, a despeito de seu vetor fenomenológico, mundo, nesta qualidade de pressuposto do julgar, é um conceito gramatical, lógico, isto é, um vetor para as totalidades das obras e das ações, ambas entendidas como momentos de juízos sui generis. Para estudar o juízo estético tomo como ponto de partida a pintura, exemplo de um discurso incipiente.