Aprendizado mútuo para fortalecimento de sistemas de saúde

Em evento realizado no dia 11 de maio na sede do Cebrap, em São Paulo, o pesquisador canadense Gerry Bloom, do Institute of Development Studies [Universidade de Sussex], falou sobre a importância do compartilhamento de experiências que auxiliem no desenvolvimento de políticas em saúde que resultem na cobertura universal e redução das desigualdades durante o seminário “Mutual Learning for universal health coverage in a rapidly changing world”.

Em um ano em que se comemora 40 anos da Declaração de Alma Ata – considerada um marco que enfatiza a necessidade da promoção de políticas de atenção primária à saúde, principalmente nos países em desenvolvimento –, Bloom destacou a necessidade de revisar os itens constante no documento e criar o que chamou de Alma Ata 2.0. “Muito daquilo que foi acordado em 1978, não foi atingido até hoje. É preciso analisar os novos cenários e agir de acordo com essas novas necessidades”, completou.

Para o pesquisador canadense, a mudança nos padrões de desenvolvimento econômico, a rápida urbanização e envelhecimento da população, mudanças tecnológicas [avanços em diagnóstico, terapias e tecnologia da informação], mudanças climáticas provenientes da poluição, ajudaram a estabelecer novos padrões de desigualdade, exclusão e necessidades em saúde. Bloom ainda destaca que as mudanças nos meios de comunicação também impactam no aumento das expectativas da população em relação as políticas de saúde e cobrança por melhores resultados.

De acordo com Bloom, “as necessidades em saúde mudaram e os arranjos institucionais precisam mudar também. Novos tipos de parcerias serão necessárias para o gerenciamento dos sistemas de saúde, com foco nas demandas dos diferentes grupos e priorizando mecanismos de participação e controle social”.

O pesquisador ainda destacou a importância de pesquisas realizadas pelo IDS e Cebrap para a disseminação de boas práticas, principalmente entre os países de baixa e média renda. Para ele, a troca de experiências entre diferentes países é de suma importância, é o que chama de aprendizado mútuo. “É preciso se debruçar sobre as alternativas que vêm de fora do eixo Europa-Estados Unidos, bem como respeitar as caracteríricas locais de cada país na hora de adaptar arranjos institucioanis. O que a experiência do Sistema Único de Saúde brasileiro pode ensinar para outros países? Quais países e cidades formariam boas parcerias? Tudo isso precisa ser questionado”. Para finalizar, Bloom lança um desafio: “quais serão os próximos passos?”.

Confira o PDF da apresentação do professor e pesquisador canadense: SP Bulletin launch presentation

Lançamento IDS Bulletin

No mesmo evento, o pesquisador inglês Alex Shankland, do IDS e do Cebrap, aproveitou para lançar a nova versão, agora digital, do IDS Bulletin, tradicional publicação da instituição britânica, cujo tema desta edição é ‘Accountability for Health Equity: Galvanising a Movement for Universal Health Coverage’. A publicação, em inglês, conta com a contribuição de diversos pesquisadores de diferentes partes do mundo. A coordenadora do Núcleo de Cidadania, Saúde e Desenvolvimento do Cebrap, Vera Schattan Coelho contribui com um artigo que discute os resultados das políticas de atenção primária à saúde implementadas na cidade de São Paulo entre 2001 e 2016. De acordo com Shankland, rigor na pesquisa e parcerias que ajudam a construir credibilidade são marcas da publicação. Para acessar o IDS Bulletin, clique aqui.

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