Em tempos em que as mudanças climáticas são pauta urgente, torna-se cada vez mais incisivo que os impactos ambientais da mobilidade urbana sejam discutidos. Como a construção das cidades, ao longo da história, priorizaram a circulação de automóveis motorizados individuais, foram colocadas em segundo plano as preocupações com a sustentabilidade do planeta, bem como da saúde e bem-estar das pessoas.
O setor de transportes se destaca quando o assunto é mudanças climáticas, dado que deslocamento por carros é uma das causas que colaboram com a emissão de CO2 e outros gases poluentes, provocando um impacto negativo no meio ambiente. Tendo isso em vista, alguns atores, como as universidades, pesquisadores e a sociedade civil, passaram a se dedicar no fortalecimento do debate em função de uma mobilidade urbana mais sustentável.
Tal debate pressiona o poder público e os setores privados para que adotem a pauta na agenda, de modo a mobilizar recursos e ações, como a promoção da mobilidade ativa, a eletrificação de frotas de transporte público e privado, o compartilhamento de veículos, entre outras.
Mas a discussão envolve não somente uma definição pragmática e mesmo superficial, como, por exemplo, apontar qual combustível seria ideal para ser utilizado nesse contexto. Isso porque é fundamental considerar a estrutura social, cultural e política que permeia a mobilidade urbana. Em outras palavras, o estudo sobre mobilidade urbana e sustentabilidade abrange assuntos amplos e diversos.
Sendo assim, embora a eletrificação de frotas de ônibus seja uma possível solução com menos impactos negativos, cabe também pensar, por exemplo, em inovações do ponto de vista dos arranjos municipais de transporte coletivo, como novos modelos contratuais e licitatórios.
A reestruturação também precisa ser pensada no âmbito socioeconômico. Convém refletir e propor medidas também acerca das desigualdades sociais na mobilidade urbana, como o racismo ambiental e no deslocamento pela cidade, além das condições de trabalho daqueles que trabalham com o trânsito de pessoas ou cargas.
Cabe lembrar que a mobilidade ativa, por meio do uso das bicicletas e da caminhada, é a receita mais antiga para uma mobilidade mais sustentável. Além de ser mais amigável com o planeta, ela promove benefícios individuais e coletivos na saúde, na economia e no deslocamento mais fluido. Trata-se de impactos positivos já conhecidos que a fazem ser central na discussão, ao lado das inovações tecnológicas e sociais que apostam na sustentabilidade.
São por estas razões que o Cebrap e o Itaú Unibanco se uniram para a realização da sexta edição do livro “Desafio”, agora com o enfoque na mobilidade urbana e mudanças climáticas. O projeto “Desafio Itaú-Cebrap: mobilidade urbana e mudanças climáticas” selecionou cinco pesquisadores para a realização de pesquisas inéditas sobre a temática, após receberem capacitação e orientação de pesquisadores do Cebrap. O objetivo desta publicação é fortalecer o debate considerando a sustentabilidade do planeta do ponto de vista ambiental e social, visando a melhora da vida das pessoas.
O lançamento do livro foi realizado no dia 7/7, assista no Canal do Cebrap no YouTube.