Núcleo Afro-Cebrap contribui com pesquisas sobre relações raciais no Brasil

O Cebrap apresenta aqui a segunda de uma série de entrevistas gravadas em vídeo com pesquisadores dos diversos núcleos do Centro. O objetivo é que eles possam destacar suas pesquisas apresentá-las à comunidade de forma bem direta e objetiva.

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O Afro-Cebrap possui uma trajetória significativa na pesquisa e formação sobre relações raciais. Com uma equipe de mais de 50 pesquisadores distribuídos por todo o país, o núcleo se destaca por sua abordagem interdisciplinar e seu compromisso com a excelência acadêmica e a relevância política.

Desde sua fundação em 2019, o Afro-Cebrap se propõe a ser um espaço de formação de novos pesquisadores e de produção de conhecimento qualificado sobre um vasto espectro das relações sociais, com especial atenção às dinâmicas raciais.

Segundo a pesquisadora Lara Miranda, assistente de coordenação de pesquisas, o núcleo organiza suas atividades em três principais linhas de pesquisa: “Cultura e Identidades”, “Discriminação e Desigualdade”, e “Políticas e Direitos”.

A frente de “Cultura e Identidades” concentra-se no resgate e na sistematização de acervos do movimento negro, promovendo a preservação da memória e investigando trajetórias intelectuais e o pensamento negro brasileiro. Destacam-se projetos como a Biblioteca Afro, coordenada pelo professor Danilo França, e o Panorama Quilombola, sob a liderança do professor José Maurício Arruti.

A linha “Discriminação e Desigualdade” aborda a produção e análise de dados sobre as desigualdades raciais e situações de discriminação em diversas esferas da sociedade, incluindo educação, acesso ao trabalho e saúde. Entre os projetos destacados está o estudo sobre mulheres negras no mercado de trabalho e o projeto sobre desigualdades sociais raciais e COVID-19, que se tornou um referencial para compreender as disparidades raciais em contexto de pandemia.

“Políticas e Direitos” foca no estudo e na atuação do direito e antirracismo, incluindo a aplicação de leis antirracistas e o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas. Projetos chave incluem análises sobre segurança pública e população negra, e o “Protesto das Margens”, que explora linguagens, repertórios e agências antirracistas no século XXI.

Nos últimos anos, o Núcleo tem dado atenção às políticas públicas, focando na produção e coleta de dados de alta qualidade para embasar e influenciar decisões importantes. “Acredito no sucesso do Afro, especialmente na sua habilidade de conectar a sociedade civil com o meio acadêmico. Nosso objetivo é formar pesquisadores competentes e fomentar debates enriquecedores, tornando o espaço acadêmico cada vez mais plural e democrático”, afirma Lara Miranda.

Além das linhas de pesquisa, o Núcleo Afro tem ganhado visibilidade em fóruns internacionais, como a sua participação em uma força-tarefa do G20 sobre o combate à discriminação e desigualdades raciais e étnicas, e a organização do Terceiro Encontro Continental de Estudos Afro-Latino-Americanos, em parceria com a Universidade Harvard.

Confira a entrevista com Lara Miranda:

Sobre o Afro-Cebrap

O Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial, ou Afro-Cebrap, é um núcleo de pesquisa, formação e difusão sobre a temática racial que busca contribuir para o fortalecimento das pesquisas acadêmicas sobre desigualdades, relações raciais e interseccionalidade. O núcleo tem como prioridades a produção de pesquisa com alto rigor metodológico, a formação de novos pesquisadores e a divulgação científica. São desenvolvidas pesquisas de caráter multidisciplinar visando a produção e a análise de dados de natureza quantitativa e qualitativa.

Lara Miranda é graduada em ciências sociais e doutoranda em sociologia pela Universidade de São Paulo. Assistente de coordenação de pesquisas do Afro-Cebrap e pesquisadora vinculada ao NEGRA e ao LADEC. Tem interesse de pesquisa em relações étnico raciais, desigualdades e cultura.

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