Sobre a experiência do cebrap.lab virtual

Fechado para atividades presenciais desde meados de março devido a pandemia, o Cebrap e seus(uas) pesquisadores(as) precisaram rapidamente se adaptar a novos tempos para seguir tocando trabalhos e refletindo sobre essa nova e desafiadora realidade. Reuniões, grupos de discussão, encontros de núcleos de pesquisa, seminários virtuais, tudo migrou rapidamente para ambientes virtuais. Mas o projeto cebrap.lab precisou ser profundamente repensado. Seguem abaixo dois depoimentos sobre a gênese e as (boas) consequências dessa reformulação: um de Maria Carolina Oliveira, socióloga e uma das coordenadoras do projeto, e outro de Daniela Costanzo e Victor Callil, professores do curso regular ‘Introdução e ferramentas para análises quantitativas utilizando SPSS’.

p.s.: todos os cursos do semestre já estão com vagas encerradas, exceto o de novembro, “Questionários e formulários online: como construir, quando utilizar”. Dúvidas e informações podem ser tiradas via cebrap.lab@cebrap.org.br

MARIA CAROLINA OLIVEIRA
Desde março de 2020, o cebrap.lab em formato presencial, bem como outras atividades formativas, está interrompido por conta da pandemia de Covid-19. Visando manter a segurança de todos, desde o início da situação de emergência sanitária, optamos por suspender a programação de laboratórios que aconteceriam no primeiro semestre.

Desde o início do projeto, uma de suas principais características tem sido o caráter de experimento coletivo dos laboratórios, que são sempre empíricos e processuais (um caminho é feito, passo após passo, diante de um problema de pesquisa), além de contarem fortemente com o engajamento do grupo e o acompanhamento presencial de professores e assistentes. Daí nossa hesitação, num primeiro momento, em simplesmente adaptar para o formato online os laboratórios que haviam sido pensados para ocorrerem presencialmente.

À medida que fomos compreendendo a gravidade da pandemia e as perspectivas de duração do isolamento, demos início a uma série de grupos de trabalho e reuniões, entre a coordenação do cebrap.lab, a diretoria do Cebrap e também os professores que ministrariam laboratórios no primeiro e no segundo semestre, com o objetivo de estudar formatos e possibilidades de reformulação das nossas atividades no período de distanciamento. Nossa preocupação foi a de investigar como seria possível manter a essência do cebrap.lab – de experimentos empíricos, processuais e coletivos –, aproveitando as possibilidades de mediação oferecidas pelas plataformas de encontros online. Isso significou reformular formatos, mas também conteúdos e dinâmicas de aula. Assim desenvolvemos o programa ‘cebrap.lab – Imersões metodológicas em tempos de distanciamento social’, o braço online do cebrap.lab.

Essa experiência tem nos possibilitado dar conta de duas demandas que ainda não havíamos conseguido responder no programa presencial, que são a possibilidade de flexibilizar horários (principalmente oferecendo os laboratórios nos períodos noturnos) e a de facilitar a participação de pessoas de outras localidades para além da cidade de São Paulo. Pensando no primeiro desafio, formulamos laboratórios em que os encontros com o grupo e com os professores acontecem a partir das 18h30, e que conta com dois dias de atividades assíncronas, que podem ser realizadas pelos participantes em horários mais convenientes para cada um. E o fato de os laboratórios não preverem encontros presenciais por si só, bem como uma divulgação mais ampla, tem facilitado a participação de pessoas de diferentes localidades – o que também enriquece a experiência coletiva do ponto de vista de diversidade de trajetórias e contextos de atuação dos participantes. Outro ponto positivo tem sido a multiplicidade de abordagens que esse modelo nos obriga a pensar, por exemplo, a proposição de partes do conteúdo em vídeos, ou a formulação de dinâmicas de trabalho em grupo na modalidade virtual.

O programa teve bastante adesão do público: menos de um mês após seu lançamento, quase todas as vagas do semestre já estavam preenchidas e a oferta de alguns laboratórios até precisou ser duplicada.

DANIELA COSTANZO E VICTOR CALLIL
Essa primeira versão do curso online de SPSS foi bastante interessante e desafiadora. Como o curso não se limita a ensinar passos no programa, toda a parte de conteúdo e discussão sobre o uso de dados em Ciências Sociais precisou de poucas adaptações. Já a parte da prática foi bastante adaptada com recursos como vídeos gravados, encontros online, separação em grupos online, planilhas para compartilhamento de dúvidas, dentre outros. Tudo isso junto possibilitou que mantivéssemos o mesmo conteúdo do curso presencial, mas sem dúvida o grande ganho deste formato é conseguir uma diversidade maior de participantes. Contamos com pessoas de diversas áreas como Urbanismo, Direito, Filosofia, Antropologia Ciência Política e Sociologia, além de pessoas da administração pública e também de outros países. O que não será substituído jamais é a troca que tínhamos no café do Cebrap.

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